Quarta-Feira, 09 de Outubro de 2024

Casos de violência doméstica atingem níveis alarmantes na região de Picos

Publicado em 31/10/2016
Por Redação
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Delegada Laura Regina Carneiro/Edson Costa

A cada 24 horas 10 mulheres buscam atendimento e amparo policial na Delegacia da Mulher de Picos. São casos de violência física, psicológica, sexual e moral que fragilizam as vítimas sentimental e socialmente. Na grande maioria das ocorrências de violência doméstica, as agressões verbais e físicas partem dos próprios companheiros.

Os dados são realmente alarmantes. Durante mais de uma hora que nossa reportagem esteve no local, duas vítimas procuraram a Delegacia relatando terem sido agredidas. As mulheres registraram Boletim de Ocorrência e foram submetidas a exames periciais para abertura do processo.

A delegada da Mulher, em Picos, Laura Regina Carneiro, afirmou que a demanda de casos de violência doméstica na região é assustadora. Segundo ela, é necessário existir humanização para lidar com as vítimas que se encontram emocionalmente fragilizadas.

“Intensa, muito intensa. Lidamos com vidas, com pessoas que estão desgastadas emocionalmente. Tem que ter sentimento, pois elas chegam, choram, choram e as vezes elas só querem ser escutadas porque elas [vítimas] não possuem mais coragem de expor a situação para os familiares”, disse a delegada.

A delegada ainda lembrou que nestes três anos a frente da Delegacia da Mulher quatro vítimas foram assassinadas. Os casos são investigados pelo Núcleo de Feminicídio do Piauí em que equipes da Capital são deslocadas à Picos para apurar as informações e desvendar os crimes.

O crime de Feminicídio mais recente e que chocou a população do Povoado Umari, zona rural de Picos, ocorreu no dia 03 de abril e teve como vítima Jarnicleide Holanda Leal, de 25 anos, assassinada com um tiro de espingarda artesanal. José Adriano dos Santos apontado como principal suspeito da autoria do disparo se encontra preso mediante mandado de prisão preventiva. O mesmo em depoimento à delegada Laura Regina confessou ter atirado contra a vítima, apresentou os motivos, porem disse não ter sido planejado.

Desistência das vítimas

A desistência das vítimas em dar continuidade ao processo contra os seus agressores é uma realidade comum. A delegada Laura Carneiro explica que isto ocorre em razão das mulheres acreditarem na mudança de seus companheiros e resolvem sempre dar uma nova chance. A desistência ocorre quando as vítimas assinam o Termo de Representação.

“Existe sim uma desistência, sobretudo quando elas acreditam na mudança dos agressores, quando se encontram cansadas. No entanto, aquelas que se encontram cansadas das agressões elas tendem a dar continuidade o inquérito policial”, concluiu.

Casos no Brasil

Segundo pesquisa realizada pelo Datafolha cerca de oito mulheres podem estar sendo agredidas fisicamente neste minuto no país. Os dados apontam que 503 mulheres foram vítimas de agressões físicas a cada hora. Isso representa 4,4 milhões de brasileiras — 9% do total das maiores de 16 anos.

 

 

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