A precarização nos atendimentos do Hospital Regional Justino Luz (HRJL), em Picos, foi tema da audiência pública realizada na manhã desta quarta-feira (19), na Câmara Municipal de Vereadores. Com o plenário lotado, os usuários do Hospital puderam ser ouvidos e realizarem suas reivindicações perante representantes do Ministério Público Estadual (MPE), da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e da direção da respectiva Casa de Saúde.
Estiveram ainda presentes na audiência pública membros do Sindicato dos Médicos da região de Picos e vereadores. O evento é uma ação do MPE e OAB que visa discutir a deficiência do Hospital, bem como pontuar ações emergenciais que possam melhorar os serviços ofertados.
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Subsecção de Picos, Frank Bezerra, reforçou que o processo de precarização do Hospital Regional vem se arrastando há décadas. Segundo ele, a cidade de Picos possui uma população flutuante de 400 mil habitantes, o que é inadmissível que o município não disponha de um Hospital com amplas instalações, que possa melhor assistir os pacientes.
“Esta audiência pública está acontecendo em razão das constantes denúncias que aparecem na OAB e muito mais no Ministério Público. Há cerca de dois anos diversas pessoas tem nos procurado fazendo denúncias no que diz respeito ao atendimento e gestão do Hospital. A principio achamos que seriam questões pontuais, mas como o tempo percebemos a gravidade do processo de precarização, onde a estrutura tem sido sucateada”, afirmou Frank.
Segundo dados apresentados pelo diretor do Hospital Regional de Picos, Valério Azevedo, somente neste mês de março foram realizados 9.947 atendimentos. Na ocasião, ele reconheceu que a Casa de Saúde enfrenta problemas atualmente, especialmente devido à execução de obras, em que o Hospital funciona apenas com 50% da sua capacidade.
“Estamos abrindo um canal de diálogo com a sociedade, com o poder público, com as comissões de saúde, com a OAB e com os usuários do SUS em geral. Diante dos problemas vamos discutir as possíveis soluções e também apresentar o que o Estado tem tomado de providências pensando numa resolutividade em curto prazo. Precisamos avançar mais nos atendimentos e no crescimento do nosso Hospital”, disse o diretor do Hospital.
A promotora do Ministério Público Estadual, Micheline Ramalho Cerejo, destacou que a Saúde será prioridade na atuação da instituição pública, bem como as fiscalizações se manterão constantes no Hospital.
“Desde que cheguei a esta promotoria minha linha de atuação tem sido a Saúde. Iniciei um trabalho no Hospital e os primeiros resultados positivos começaram a aparecer, a própria população estava elogiando. Daí tenho me ocupado com outras fiscalizações e os problemas voltaram. Diariamente recebo denúncias e voltamos a realizar fiscalizações no Hospital em que o diagnóstico é assustador, pessoas sendo atendidas nos corredores, macas enferrujadas sem lençóis. A população pode ficar tranquila que voltaremos a continuar com as fiscalizações até que o problema seja resolvido”, frisou.
Micheline esclareceu que vários processos judiciais sobre os problemas ocorridos no Hospital Regional estão tramitando, incluindo improbidade administrativa em que apura-se a ausência de médicos plantonistas para realizar os atendimentos.