A bióloga coordenadora do laboratório de controle da qualidade de água da AGESPISA, regional de Picos e mestranda em Meio Ambiente e Desenvolvimento pela UFPI, Otávia Caracas Câmara, está realizando trabalho de monitoramento da água do Rio Guaribas, em Picos e Poty, em Teresina. Otávia informa que o monitoramento em Picos inicia na zona rural indo até Aroeiras do Matadouro.
Segundo Otávia, os dados apontam um nível de contaminação que o rio Guaribas está sofrendo. "Segundo a Legislação em vigor, de 1997 e 1998 , nós temos a Política Nacional dos Recursos Hídricos e nessa legislação, de forma clara, quando diz que não devemos jogar efluentes inatura, ou seja, esgoto sem tratamento, no rio e o que vemos em nossos laudos é que o rio está sofrendo processo de contaminação muito grande", lamenta.
De acordo com Otávia, atualmente na zona urbana de Picos não existe água, existe sim matéria orgânica contaminando o rio. Ela diz que há índices de apontam alto nível de fósforo e amônia, principalmente no final da zona urbana. Isso significa que o rio está morto. Para reverter essa situação, seria necessário maior fluxo de água e pelo menos o saneamento parcial da cidade.
"O matadouro público de Picos não trata seu esgoto e despeja seus resíduos inatura no rio. Isso é um crime ambiental. Infelizmente o matadouro ainda não foi notificado, mas é o grave crime ambiental", denuncia Otávia.
Sobre o lençol freático de Picos, Otávia afirma que o rio Guaribas contamina o lençol freático. "Em Picos não há controle para a perfuração de poços. A legislação diz que quando se deseja perfurar um poço, seja para fim residencial ou comercial, é necessário pedir autorização da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos e em Picos não existe isso, por isso, todo mundo se acha no direito de cavar um poço. Isso é errado, é irregular".
Otávia finaliza dizendo que Picos precisa começar a se preocupar com a sua reserva de água, pois dezenove poços abastecem a cidade e já existe considerável falta de água, principalmente nas partes mais elevadas, isso caracteriza que não existe pressão suficiente, ou seja, o nível dos poços estão baixando.