Quarta-Feira, 09 de Outubro de 2024

Médica do SAMVVIS faz desabafo e diz 90% dos estupros ficam impunes no Piauí

Publicado em 16/08/2016
Por Jailson Dias
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Maria Castelo Branco Rocha de Deus, contestou informações de que a maioria dos casos de estupros no Piauí está sendo resolvido/cidadeverde.com

A médica e coordenadora do Serviço de Atenção às Mulheres Vítimas de Violência Sexual (SAMVVIS), Maria Castelo Branco Rocha de Deus, contestou informações de que a maioria dos casos de estupros no Piauí está sendo resolvido. Na véspera do Dia da Mulher, a coordenadora faz um desabafo e diz que é “constrangedor” ver tanta impunidade, mesmo com as provas confirmadas por laudos do SAMVVIS.

“É uma sensação de desestímulo. Não de não querer atender, resolver o problema de saúde...são situações constrangedora que a gente não tem o poder de polícia, nem poder de resolutividade e que 90% dos casos que chegam aqui ainda não foram concluídos”.

Maria Castelo Branco ressalta que constantemente telefona para as delegacias pra ter informações e garante que 90% dos casos ficam impunes.

Um estupro por dia

Levantamento do SAMVVIS confirma o registro de que mais de um estupro por dia no Piauí. Em 2016, foram 484 casos atendidos no setor que tem sede na maternidade dona Evangelina Rosa.

    Veja números

    Atendimento: 484
    89% das vítimas têm menos de 18 anos;
    Até 7 anos – 20,4%
    De 8 a 13 anos – 49,2%
    De 14 a 18 anos – 30,4%
    Teresina – 51%
    Outros Estados- 1,1%
    Agressor
    Conhecido – 56,2%
    Pai/padrasto – 21%
    Familiar – 12%
    Desconhecido – 10,8%

A médica ressaltou que foi criado um ambulatório para atender as vítimas após passar pelo SAMVVIS. Todas as quintas-feiras, no Instituto de Perinatologia atende no ambulatório de violência sexual. As vítimas receberem informações sobre prevenção de doenças, de planejamento familiar, orientações e tratamentos contra doenças sexualmente transmissíveis.

“Dói muito, doí mesmo a gente perceber que a vítima além da violência, ela está sendo revitimizada pelo que não se fez”.

A coordenadora contou que quinta-feira passada, ela atendeu uma garota de 11 anos estuprada pelo irmão biológico de 19 anos. Ela foi atendida, incialmente, em janeiro e até hoje o processo está parado e ninguém foi ouvido. Segundo a médica, a vítima ainda teve que sair do ambiente familiar e o agressor continua impune, podemos fazer novas vítimas.

“Isso remete a revitimização, que é terrível. A vítima já estuprada, sai do seu ambiente familiar. O delegado não teve tempo porque ele atende a cinco cidades e fica pouco e não teve tempo pra nada. Isso é uma situação constrangedora”.

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