A primeira medalha do judô brasileiro na Paralimpíada do Rio tem cor de prata e gosto de perseverança. Agora dona de duas medalhas olímpicas iguais, na categoria até 57kg, Lúcia Teixeira precisou viajar escondida da família para se descobrir no esporte. Com a visão prejudicada por conta de uma toxoplasmose congênita, ela praticou o judô tradicional até os 20 anos. Ao ser apresentada à modalidade paralímpica, após um hiato de seis anos longe do esporte, encontrou a chance de deixar de ser “aquela que apanhava de todo mundo”. Mas a família foi contra.
— Foi aquela coisa de superproteção, de achar que eu não precisava provar nada a ninguém. Tanto que fui criada como se não fosse deficiente visual — lembra a judoca, que viajou sozinha, em 2006, para sua primeira competição paralímpica: — Eu não queria provar nada. Só queria saber até onde poderia ir.
E ela já foi longe. Ano passado, ficou famosa na internet com um vídeo publicitário da Rio-2016 em que derruba, um por um, os oponentes “normais”. Ontem, conquistou sua segunda prata paralímpica — a primeira foi em Londres-2012. Lúcia perdeu a final para a ucraniana Inna Cherniak, imobilizada num combate de 40 segundos. No pódio, foi ovacionada pelo público. Agora, a paulista de 35 anos quer ir mais longe ainda:
— Vou para mais um ciclo paralímpico. Serão quatro anos para tentar mudar a cor da medalha. De preferência que mude para ouro, né?
Fonte: EXTRA