Domingo, 13 de Outubro de 2024

::EDITORIAL da 67ª edição do Jornal Folha Atual: Contra a cultura do estupro

Publicado em 01/01/2016
Por Edson Costa
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O Brasil ficou chocado com a denúncia de que uma jovem sofreu abuso sexual de dezenas de homens no Rio de Janeiro enquanto estava inconsciente. Mais um caso de estupro coletivo estarreceu a população piauiense. Em Picos a sociedade se revoltou contra um tio que se aproveitou da inocência e fragilidade da sobrinha. Casos como esses parecem cada vez mais frequentes e despertam reações indignadas por parte das mulheres e de homens que jamais se valeriam de sua força física para tocar uma mulher contra a vontade dela.

Nesse meio há também a luta travada pelo moderno movimento feminista, muito difícil de conceituar, mas cuja existência é necessária, pois não são poucos os especialistas e estudiosos que afirmam que casos de abuso sexual aconteciam principalmente dentro de casa, perpetrados por pessoas da família que contavam com a conivência de outros membros, na maioria das vezes por medo.

Á medida que as mulheres começaram a se erguer e denunciar todas as formas de violência ao qual estão sujeitas, não houve um aumento dos casos, mas do número de denúncias. Não se trata de dizer se o movimento feminista ultrapassa limites ou não, mas sim que a organização das mulheres na busca por igualdade só incomoda aqueles que desejam a manutenção do “status quo”, dominante e ultrapassado.

A sociedade está mudando, “as coisas estão mudando”, como se costuma dizer no linguajar popular e é preciso saber aceita-las ou, pelo menos, entende-las. Não há mais a mínima possibilidade de que as mulheres voltem a ser apenas senhoras do lar, pois já entenderam a importância do seu papel para o desenvolvimento da sociedade. Assim como jamais será aceitável culpar a vítima por ter sofrido um abuso sexual, independente da roupa que vestia ou por onde andava. É preciso, antes de tudo, que os homens sejam humanos. Se acreditarmos que nós homens somos superiores às mulheres, então não seremos muito diferentes dos animais que abatemos e comemos.

 

 

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