Os automóveis passavam lentamente pelo contorno da Praça Félix Pacheco para que os motoristas conseguissem ler os cartazes do ato público “Fora Feliciano”, organizado pelos movimentos sociais picoenses sob a coordenação do Grupo de Trabalho GT do Partido dos Trabalhadores (PT) de Política para LGBT, na manhã desta segunda-feira (18/03). Dessa forma Picos passa a integrar as centenas de cidades pelo País afora que pedem a destituição do deputado federal Marcos Feliciano (PSC-SP) que assumiu a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.
O professor universitário Paulo Mafra chama atenção para a postura fundamentalista do deputado Marcos Feliciano, destacando o fato dele querer levar as concepções religiosas pessoais para a Comissão de Direitos Humanos.
“Ele não pode pensar que todo Brasil é apenas composto por evangélicos, e acredito que até alguns evangélicos não concordam com isso, sabemos que o Estado é laico, a constituição prega isso, então ele está discriminando as minorias, os negros, os homossexuais, enfim todas as minorias acabam sendo englobadas nesse contexto”, explicou.
Paulo Mafra declarou que as discussões são provocadas pelo fato do deputado, cujo pensamento já foi expresso, assumir a Comissão de Direitos Humanos que tradicionalmente trabalha com minorias. Caso não seja destituído, o professor acredita que o “Estado ficará em uma má situação” porque as pessoas passariam a não se sentir mais representadas pelo Estado, buscando outras estratégias de representação.
Durante o ato público houve uma tentativa de desvincular as críticas dos evangélicos, enfatizado que estas se dirigiam ao deputado. Paulo Mafra informa que houve a retira do “Pr” dos cartazes que identificaria o Marcos Feliciano como pastor. “Quem prega a diversidade, a questão das minorias, não pode colocar algum segmento social como errado, os evangélicos como um todo não tem nada a ver com isso, é só o Marcos Feliciano que está se utilizado do título para ganhar notoriedade”, declarou.
A coordenadora do Movimento LGBT de Picos, Jovanna Baby chamou a atenção para a representatividade do ato público. “Aqui tem mais de cinco segmentos, inclusive religioso, o pessoal da Umbanda que está aqui presente, estudantes, negros, juventude cristã, o pessoal da juventude da Igreja Católica, o pessoal do DCE 20 de Junho da UFPI”.
Jovanna Baby disse que o protesto não era contra as religiões, mas quanto a falta de competência do deputado Marcos Feliciano para chefiar a Comissão de Direitos Humanos. “Temos que pedir ao Congresso Nacional seja substituído por uma pessoa mais acessível, que tenha o diálogo dos direitos humanos, e que as minorias sejam contempladas, já que diz que somos minoria, que aquele espaço público nos escute e encaminhe as demandas e as leis que de alguma forma vão bonificar todas as minorias”.
Também esteve presente o vereador Wellington Dantas (PT), único político presente no ato.
As manifestações que tem acontecido pelo País pedem a saída do deputado Marcos Feliciano em decorrência do seu pensamento expresso através das mídias sociais. “Negos são amaldiçoados, que a África carrega com sigo a maldição de Noé, que religiões acreditam em deuses de Pau não devem ser respeitadas, e que a AIDS é o câncer gay”.
Paulo Mafra (foto acima)
Vereador Wellington Dantas