Sábado, 05 de Outubro de 2024

Fazenda da Esperança: Trabalho voltado para a vida

Publicado em 11/04/2013
Por Marta Soares
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Fazenda da Esperança de Picos/ASCOM

Romulo Braga Neiva, 37 anos, é um ex – dependente químico, que encontrou no apoio da família, de amigos e na Fazenda da Esperança, uma oportunidade para abandonar de vez o mundo das drogas. O vício, segundo Romulo, durou cerca de 15 anos, onde experimentou maconha, cocaína, álcool e outros entorpecentes. Nos últimos sete anos, a angústia da família e do próprio Romulo chegou ao fim quando conheceram o trabalho realizado pela Fazenda da Esperança, em Pacatuba – Ceará e Grupo Esperança Viva. 

No Piauí, a primeira Fazenda da Esperança foi construída em Campo Maior. Em seguida, veio a de Oeiras, que está prestes a completar um ano de trabalho e a de Picos está em fase de construção, através do Grupo Esperança Viva e de voluntários, que realizam campanhas com o objetivo de arrecadar a quantia necessária para a construção.

De acordo com Romulo, o que diferencia o trabalho de recuperação de dependentes químicos na Fazenda da Esperança em relação a outras clínicas, é que o trabalho da fazenda é fundamentado em uma tríplice de trabalho, convivência e espiritualidade. Ao sair da Fazenda da Esperança, o recuperado (termo dado ao jovem que se trata do vício das drogas) encontra auxílio no Grupo Esperança Viva, onde continua a sua caminhada. “A dependência química é uma problemática que se carrega pelo resto da vida, é incurável e precisa diariamente de cuidados”, ressalta.

Quando um jovem se predispõe a iniciar o tratamento de recuperação na Fazenda da Esperança, é feita a ele a proposta de internação de 1 ano, que é o período mínimo, e cada jovem voluntariamente aceita este convite. Durante os três primeiros meses o recuperando não recebe visita. Após o terceiro mês é autorizada a visita da família apenas no primeiro domingo do mês. A comunicação entre o recuperando e a família durante este período é feita através de carta, não há uso de Internet ou celular. 

Na fazenda, esta reclusão é chamada de “Experiência Franciscana”, porque é baseada no ideal de São Francisco de Assis, onde se vive a pobreza, a castidade e a obediência. Nesse período, o recuperando tem o trabalho como terapia ocupacional e de subsistência. Cada jovem da fazenda produz uma cesta de produtos confeccionados na instituição e a família recebe esta cesta, que precisa ser vendida por um salário. “Dessa forma o recuperando entende que o trabalho tem um caráter terapêutico ocupacional, mas também de subsistência”, afirma Romulo.

A Fazenda da Esperança não sobrevive de ajuda financeira do governo, com isso, as famílias colaboram com o valor de três salários mínimos na entrada do jovem na fazenda. Quando a família não tem condições financeiras de arcar com este valor, é feito um trabalho junto a pessoas envolvidas no Grupo Esperança Viva e voluntários, que fazem campanhas e levantam a quantia necessária.
Tem sido assim há 30 anos. De acordo com Romulo, mais de 15 mil jovens já se trataram e se curaram nas Fazendas Esperança. Estatísticas apontam que 80% dos jovens que se submetem ao tratamento na fazenda, estão bem no seu convívio familiar e social.

Em 2013, a Fazenda da Esperança está completando 30 anos de existência e nasceu da experiência de Nelson Giovaneli e do frei Hans Stapel. Em 2007, durante a visita do Papa Bento XVI ao Brasil, ele visitou a Fazenda da Esperança de Guaratinguetá – SP e com isso houve um grande reconhecimento do trabalho feito pela fazenda e surgiram oportunidades e pedidos de construção de outras fazendas. Em todo o mundo, são mais de 90 comunidades espalhadas.

Em Picos, a Fazenda da Esperança está localizada na comunidade Lagoa Achada, município de Itainópolis, há 35 Km de Picos. Neste momento, dez jovens estão em fase de tratamento na Fazenda da Esperança de Picos e outros três estão se preparando para iniciarem a recuperação. Por ano, cerca de dez a quinze jovens se recuperam. 

A Fazenda da Esperança de Picos está em campanha para a finalização da construção de sua sede. Até o momento, a fazenda conta com um poço, que foi adquirido através de doação e foi construído um galpão, que possui dois banheiros, um salão e um quarto, faltando, porém, construir a casa. Através da Diocese de Picos, a fazenda recebeu verba oriunda da Caminhada da Paz e está sendo realizada campanha junto à sociedade para que seja terminada a casa. “Foram levantadas as paredes, mas falta cobrir e fazer a parte de acabamento. A casa tem cinco cômodos, dois banheiros, sala e cozinha”, informa. Com isso, a fazenda poderá receber 14 jovens, além de dois coordenadores e um coordenador geral, que assumirá a administração da fazenda. 

Estão sendo vendidas cartelas para o bingo que sorteará um terreno no bairro Jardim Natal, no valor de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais). Cada cartela do bingo custa R$ 100,00. O sorteio será no dia 11 de maio na quadra do Colégio Santa Rita.

Para quem já viveu o drama de ser um dependente químico e hoje comemora e contribui para a recuperação de outros jovens, Romulo se refere às drogas como um “câncer da humanidade”. “As drogas se instalaram de tal maneira, que não há distinção de branco, negro, pobre ou rico, médico, advogado ou pedreiro. Elas entraram na sociedade de tal maneira, através da maconha, cocaína, crack e álcool, que está chamando a atenção de todo o mundo”.

Em Picos, existem três Grupos Esperança Viva. O Grupo Esperança Viva Sagrado Coração de Jesus, está localizado na Rua São Sebastião, centro de Picos, onde os membros se reúnem aos sábados às 19h; Há um ano o Grupo Esperança Viva São Francisco de Assis, localizado no bairro Junco, funciona no salão paroquial com reuniões às sextas-feiras, às 19h30 e há cerca de 4 meses, o Grupo Esperança Viva iniciou trabalho na Penitenciária José de Deus Barros, onde já conta com a participação de 20 presidiários. Na penitenciária, as reuniões são realizadas fora dos pavilhões.

Outro personagem importante no sucesso do trabalho da Fazenda da Esperança, é o pároco da Igreja Matriz Nossa Senhora dos Remédios, Pe. Gregório Leal. Diretor espiritual, Pe. Gregório, apresentou interesse pelo trabalho da fazenda logo que chegou a Picos. 

Além da Fazenda da Esperança e Grupo Esperança Viva, há ainda o trabalho desenvolvido junto às crianças, na prevenção ao consumo das drogas. O “Esperancinha” conta a participação de crianças de 05 a 13 anos de idade. O GEV também profere palestras em escolas, igrejas e comunidade.

Comentários
Deyvydson S.F
16/03/2013 23:35:57
A graça gerada do contato direto com Deus em forma de atos concretos no cotidiano social e espiritual... Sempre Unidos GEV SÃO LUIS.
Ana Patrícia Barão
16/03/2013 10:25:11
Romin você é fonte de inspiração p muita gente. A minha admiração por vc, por sua história é enorme. E vc sabe disso. A capacidade que vc tem de agregar o bem ao seu favor é impressionante. "Superação, através da Palavra de Deus"! Ouvi vc falar essa frase, e estou lutando p minha vida se transformar através da Palavra. Entreguei minha vida nas mãos do Senhor, porque o seu exemplo é o mais próximo que tenho. Sinto uma alegria danada de ter você e Talita como amigos. Ainda estou longe de ser um exemplo, mas a humildade, a entrega à Deus de vcs está me guiando. Sou fã, amiga, torcedora incondicional do ideal de vcs. Contem sempre comigo e minhas orações. Mesmo que a distancia.