COM HUMOR, TUDO RENDE MAIS
Por Dra. Graça Moura
Pois é, inclusive trabalho. Fico pensando nos trabalhadores mal humorados e querendo sugerir para eles, que o trabalho, pode render mais, ser mais saudável, com humor.
A impressão é que os irritados de plantão, pensam que vão matar os usuários de seus produtos e serviços, na unha. Ledo engano... Podem até matar, sim, mas, correm o risco de morrer primeiro, inclusive de raiva... a ciência aponta para isso.
David Baum, um consultor da W.H Gray Associates e também adepto do bom humor, acredita que o humor é o melhor termômetro para se avaliar a qualidade de trabalho de uma empresa. Acredito nisso, firmemente...
Dizia ele, com propriedade, e eu comungo dessa ideia: “digam-me do que os funcionários estão rindo (ou deixando de rir) e eu direi para que tipo de empresa trabalham”.
Sou, favorável, portanto, ao desenvolvimento do humor. Já sabemos que ele tem efeitos terapêuticos, reduz tensões e pode melhorar a qualidade dos relacionamentos das pessoas, dentro e fora das organizações.
De que adianta ter competência técnica e ser um “cavalo batizado” na interação com colaboradores, e nos relacionamentos com os mais diversos segmentos da organização?
Penso ser de fundamental importância o desenvolvimento do saber técnico. Valorizo também o diploma, os títulos acadêmicos, claro! O domínio da área de atuação é imprescindível, mas, considero também o bom-humor condição indispensável e ferramenta poderosa para o enfrentamento das mazelas diárias e dos abalos aos quais estão sujeitos todos que ocupam posições dentro das organizações.
Nenhuma empresa está livre de enfrentar altos e baixos, reestruturações que podem trazer demissões como consequência e a tradicional troca de lideranças (ou chefias como ainda querem alguns).
Não tenho dúvida de que o bom-humor pode alterar o comportamento das pessoas em relação aos problemas específicos das organizações e pode funcionar como antídoto ao pessimismo, às grosserias e às vezes até aos eventuais atos de violência que podem ocorrer no interior de qualquer Empresa ou Instituição (de trabalho ou familiar).
Recomendo e sou favorável à busca incessante do bom-humor, da leveza, da serenidade. Não é fácil, mas, é possível. Que tal experimentar?
Experimente... Aristóteles dizia com muita sabedoria: “Somos o que fazemos repetidamente. Por isso, o mérito não está na ação, mas no hábito”. Que possamos todos render mais no trabalho e na vida, fazendo crescer o nosso espírito e cultivando nosso bom-humor.
Diz um provérbio chinês que “nada assenta melhor ao corpo do que o crescimento do espírito”. E, o crescimento do espírito, já sabemos, é fonte de saúde e de bom-humor, consequentemente.
Dra. Graça Moura
Psicóloga, formada pela Universidade Federal de Pernambuco
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É possível acreditar no ser humano?!
Por Francisco de Assis Sousa
Quem somos, de onde viemos, pra onde vamos? Todas as crenças se apropriam destas perguntas para, através de sua subjetividade, tentarem explicar ou defender ideias que julgam ser verdadeiras. Para Hobbes, os seres humanos convivem entre si por pura conveniência. Usam, intermitentemente, máscaras para viverem em sociedade. A igualdade só existe do ponto de vista biológico. Temos olhos, orelhas, pernas, coração, rins, fígado, um sistema reprodutor. Mas, se possuímos a mesma estrutura física, de onde nascem as nossas divergências?
O ser humano não é bom nem mal. Ele simplesmente é capaz de tudo para conseguir o que deseja e não vive na dimensão da necessidade. É ardiloso, assegura Hobbes. Estranha a sua própria condição humana, por isso é regido por um sistema de crenças que forma a sua subjetividade. E esta possibilita encontrar a resposta para perguntas do tipo: por que acreditamos numa determinada religião, em um sistema político, numa ideologia?
Quando uma pessoa defende algo, não defende sozinha, ela compartilha com o mundo que lhe é conhecido. Dissemina uma ideia, um juízo de valor onde nossa crença é absoluta, a do outro, relativa. Um fato, por si só, não constitui uma verdade. A verdade se materializa com a nossa interpretação, resultante daquilo que fomos formados e que elegemos como aceitável. O que eu valorizo está relacionado a um conjunto de crenças, que transitam entre o tradicional e o moderno.
E a política? O que podemos dizer do comportamento político? Na maioria das vezes, é defendido por mero interesse particular. Em linhas gerais, não há uma prática voltada para o bem comum. “Se tem alguém querendo consertar, vem logo à ordem de cima: pega esse idiota e enterra!” Nesta proporção nasce a crise que surge da instabilidade, da insegurança, da dúvida. Infelizmente, virou regra. É institucionalizada. É uma via de investimento. É querida e amada. É a lei do quanto pior, melhor. E nesse meio está a inserção da mentira.
E por que o mentiroso torna-se uma pessoa perigosa? Porque conhece o fato; enquanto quem recebe a mentira, não. Quem recebe é um objeto passivo e o mentiroso, um sujeito ativo. Assim, podemos dizer que a maldade humana é instrumentalizada, impulsionada e guiada pela razão. O ser que impõe a inverdade é consciente, possui o controle de sua ação. Na intercessão entre a verdade e a mentira situa-se o caos. E a educação, o que pode fazer para ajudar a humanidade a resolver esse estado de coisa? O que pertence às luzes e o que pertence às trevas?
Para Descartes, a educação é um projeto de ser humano, no sentido positivo da palavra. Um ser humano como agente de transformação e de valorização a vida e ao próximo. Educar é conduzir para a construção de um trabalho adequado a prosperidade de um povo, de uma nação. Cada povo possui, ou deve possuir, uma proposta própria de transformação com base no conhecimento universalmente produzido. Ela é a saída para a existência de um mundo novo.
Como exemplo, citamos a Alemanha que, nas grandes Guerras Mundiais deflagradas no século XX, foi destruída e, através de uma proposta concreta de educação, conseguiu, por duas vezes, se reerguer e se tornar uma das maiores potências mundiais. Processo similar aconteceu no Japão, Coreia do Sul e, porque não dizer, em toda a Europa Ocidental, classificada geograficamente como de primeiro mundo. Nessa perspectiva, acredita-se que seja esse o caminho que devemos descobrir e, ao nosso modo, trabalhar para que ele se efetive.
Francisco de Assis Sousa é professor e cronista. Mestrando em Ciência da Educação pela Universidade Lusófona de Lisboa-Portugal. Email. frassis88@hotmail.com
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Defender a ENOP é uma questão de justiça e de dignidade!
Gestão, professores e funcionários
Caros leitores do Folha Atual, queridos professores da Escola Normal Oficial de Picos, primeiras diretoras, ex-professores, alunas da primeira turma do magistério, caríssimos alunos atuais, senhores pais de alunos, mídias sociais, rádios, demais portais e a sociedade em geral, mais uma vez vamos até vocês apresentar o nosso repúdio! Externar a nossa indignação diante do descaso com que uma Escola que educou, e continua educando, gerações está sendo alvo da precarização em suas condições de trabalho.
A ENOP está de luto! Nós estamos consternados com tamanho descaso com a educação pública! Nesse momento em que o país está assolado em uma de suas maiores crises de conjuntura, não justifica a ausência de uma administração que desrespeita a vida, a história e a memória das instituições! Não é digno de exercer tais funções na Educação que constitui a obra mais bela e mais indestrutível da criação humana. A própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação número 9394/96 apresenta garantias à educação de qualidade e a preservação de espaços adequados para a formação e o desenvolvimento integral do aluno, resguardada na Constituição Federal de 88.
Nesse sentido, caros leitores, como é possível funções administrativas que podem ser plenamente executadas em outros locais mais apropriados passam a ser mais importantes do que a garantia do ensino e das atividades pedagógicas e administrativas da escola! Não compreendemos esse desatino em prejuízo do trabalho educativo que permite a centenas de jovens melhores condições de uma vida com dignidade. Esses jovens buscam na escola pública a única oportunidade de sair da condição de pobreza para o ingresso numa universidade e, com isso, a possibilidade de um futuro melhor que seus pais e familiares não tiveram. Nesse sentido, meus amigos, leitores assíduos desse jornal, qual o papel da Educação, considerando atitudes como essas que desqualificam a magnitude do ensino? Qual a importância, senhores pais, tem a educação pública para os filhos de vocês, para a sociedade, para os governos? A educação pública é dever do Estado, do Município da Nação e direito do cidadão na medida em que pagamos os impostos mais altos do mundo, que temos as tarifas públicas mais abusivas do mundo.
Nesse momento, conclamamos a todos vocês, pais de alunos, trabalhadores, donas de casa, empresários, que nos ajudem a preservar nossa escola! Quem de vocês não teve um parente que não tenha se formado na Escola Normal? Quem de vocês não tiveram o privilégio de terem sido educados por professoras que estudaram e se formaram no grande celeiro de Picos na formação do magistério? Por tudo isso, não podemos permitir que nenhuma instituição se aproprie de uma Escola que está nos meados de celebrar meio século de vida, educando e formando cidadãos ao longo de sua trajetória educacional. Foi uma pioneira nessa arte da formação de outros profissionais.
Não podemos aceitar que se apague o brilho de uma estrela que ilumina e aquece os nossos jovens atuais que cursam o Ensino Médio na aquisição de seus conhecimentos! Como é possível que se alguém alegue a ocupação de uma escola, enfatizando que seus espaços estão ociosos? Como se entende que sala de professores, direção e coordenação sejam espaços ociosos em uma escola que desenvolve inúmeros projetos educativos, visando ao desenvolvimento das demandas sociais e dos sujeitos múltiplos em suas múltiplas possibilidades? Como pensar a escola restrita apenas às salas de aulas sem a composição de toda a sua estrutura física-pedagógica e educativa? Como imaginar a escola hoje, mesmo com o desenvolvimento da tecnologia, sem uma biblioteca como fonte de saber e de conhecimento imensuráveis para o aluno? Como entender e aceitar simplesmente em nome de uma hierarquia de poder que se pode destruir uma escola? Como não ter a sensibilidade de perceber a escola como um espaço de múltiplas possibilidades, considerando os novos sujeitos sociais que buscam novas formas de interagir com o mundo digital e com a tecnologia?
A escola desenvolve todos os anos vários projetos educativos que prioriza a promoção do ser humano, bem como dos valores e princípios éticos e da cidadania, respeitando a diversidade cultural. Nessa perspectiva, senhores pais, governantes, sociedade civil, ouçam o nosso apelo que é justo, que é legítimo! Lutem por nossa causa que é de toda a sociedade!
A História não perdoa e não nos deixará impunes perante o nosso silêncio, perante a nossa omissão de nada termos feito para defender esse monumento, a guardiã e a referência educacional da cidade de Picos e microrregião. Fazemos esse apelo em nome de todos os trabalhadores em Educação que prezam a vida e a história da Escola Normal Oficial de Picos.
Todos vocês são convidados a falarem em nome da Escola Normal e a defendê-la. Não podemos deixar que mais uma escola seja destruída como aconteceu com a Escola Justino Luz I que foi desapropriada para abrigar a 9 GRE. Hoje encontra-se em ruínas, agonizando o abandono, depredada em sua estrutura material, desrespeitada em sua grandeza imaterial por falta de zelo e de manutenção! As instituições falam por si mesmas. O prédio da GRE ainda respira à espera de cuidados. Mas está se deteriorando pouco a pouco. Instituições são como pessoas, precisam ser bem tratadas para acolher bem as pessoas. Elas contam suas histórias de vida! Elas celebram suas memórias! O que tem GRE a celebrar, ocupando por força de decreto nossos espaços educativos? Que respaldo tem uma instituição que abandona sua casa e invade a de outro parceiro?
Nós acolhemos a nossa parceira apenas por seis meses, todavia já se passaram 14 meses. Gostaria de saber onde se encontra a glória e a honra de uma instituição que não preserva e não respeita os espaços de uma escola? Não reconhece a autonomia dessa escola pública tão importante nesse conjunto construção do conhecimento. Por isso, é preciso repensar essas concepções equivocadas de trabalhar com a Educação. Nós nos formamos para exercer o magistério, ou seja, sermos professores e não para cargos políticos com gratificações que são temporários e que duram apenas até os conchavos e interesses políticos permitirem. Não nos formamos para gerentes, inspetores, coordenadores ou diretores, nós exercemos tais funções por tempo determinado. Não temos cadeira cativa, embora muitos se apeguem a essa sensação de poder, esquecendo-se de suas origens e de seu verdadeiro papel de professor. Descontruir a escola, desintegrando-a de seu legítimo papel, separando-a em partes, é como retirar alguns músicos da orquestra que só funciona em conjunto, em harmonia com todos os seus componentes e seus respectivos instrumentos em consonância com a batuta do maestro.
A ENOP é uma grande orquestra em que alunos e professores são seus músicos e instrumentos e o maestro; a coordenação e a direção que nos embalam em diversos ritmos de execução do conhecimento e do desenvolvimento das múltiplas competências do professor e das habilidades do aluno. Senhores pais, é chegada a hora de todos juntos lutarmos por nossa escola! Ela é um patrimônio cultural de Picos! Defendê-la é uma questão de justiça e de dignidade!
Gestão, professores e funcionários