Postado por Renata Arrais
Mesmo os apaixonados pelo inverno, com as bebidas quentes e o aconchego das cobertas, têm mais dificuldade de levantar da cama de manhã. Em algumas pessoas, chega a bater um desânimo e até uma tristeza. E não se trata de frescura: é biológico.
A falta de luminosidade, especialmente dos raios solares, realmente causa uma maior sensação de moleza e preguiça.
Durante a noite, nosso cérebro secreta a melatonina, hormônio responsável por regular o relógio biológico e fazer com que tenhamos sono e, consequentemente, mais disposição durante o dia.
Na ausência de luz, as pessoas permanecem nesse padrão noturno, ou seja: com mais sonolência, desânimo, irritabilidade e mais apetite que o normal. É como se o cérebro entendesse que ainda é tempo de dormir.
Dias iluminados, por outro lado, fazem com que nosso organismo produza substâncias que favorecem a animação, a disposição e o engajamento em atividades, sejam exercícios físicos ou interações sociais. Tudo isso é essencial para a nossa saúde mental.
Além disso, a ausência do sol atrapalha a fixação da vitamina D, outra substância ligada ao combate de sintomas depressivos.
A luz solar também ativa a produção da dopamina e serotonina (neurotransmissores relacionados à felicidade). Por isso, não deixe de lado as atividades físicas, que também liberam a endorfina.
No Brasil, apesar de termos sol na maioria dos dias invernais, entramos na lógica de sair menos de casa quando dá aquela esfriada.
A falta de contato humano e de segurança emocional, a introspecção e a baixa produção de "hormônios da felicidade" colaboram para quadros de tristeza.
É bom lembrar que estar virtualmente com quem participa de nossa vida social não adianta. Esqueça as redes sociais, especialistas frisam que a presença e o contato físico são fundamentais: beijar, abraçar e se sentir parte de uma família ou grupo ajudam a liberar a ocitocina, o chamado 'hormônio do amor'.
A depressão é um diagnóstico de causas biológicas e situacionais, de modo que apenas o clima frio não pode ser considerado como causa isolada do transtorno.
Mas esses períodos de longas frentes frias podem agravar o quadro de quem já tem o transtorno e quem não tem pode apresentar alguns sintomas de uma pessoa deprimida por causa de fatores climáticos.
Em locais onde o inverno é mais rigoroso e os dias mais curtos, algumas pessoas sofrem até da chamada depressão sazonal de inverno ou transtorno afetivo sazonal, causada pelo isolamento social e pela falta de luminosidade.
Apenas um profissional pode diagnosticar a depressão, mas alguns dos sintomas são:
A quantidade dos sintomas que cada paciente pode apresentar varia, mas é importante que eles não tenham a ver com situações específicas que possam trazer esses sentimentos.
O principal antídoto para não se sentir assim melancólico é a boa e velha atividade física. Em outras palavras: mexa-se!
Saia de casa para resolver as coisas e não fique desmarcando compromissos por causa do frio —isso pode afetar sua autoestima por não se sentir produtivo. Se achar que está muito frio de manhã para ir à academia, tente ir na hora do almoço, por exemplo.
Buscar companhia e não deixar a vida social de lado também ajuda.
"Vamos fazer como os animais fazer no inverno: ficar bem juntinhos para esquentar. Quando os bichos se aglomeram, além de aquecer, eles parecem maiores para os predadores —e no caso dos humanos, o predador é a depressão", diz o professor de medicina comportamental e preventiva da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), Ricardo Monezi.
Fonte: UOL/ Postada por Renata Arrais